Estamos
chegando a mais um início de ano letivo nas escolas. Algumas iniciarão seus
trabalhos a partir da próxima semana. É nesse tempo que estudantes em todo o
país começam a “aquecer suas turbinas” para estarem preparados para mais um
período de vasto aprendizado. Nesse tempo também, alguns que estavam parados ou
que concluíram outros cursos questionam a si sobre qual será o próximo passo.
Escrevi este texto para aqueles que estão pensando em estudar teologia e de certa
forma os levar a mais uma boa razão pela qual não deveriam titubear em seguir
em frente.
No
ano de 2007, ingressei no Seminário Teológico do Oeste. Ele fica situado em um
bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro chamado Campo Grande. Para quem conhece
a região, ele fica próximo à estação ferroviária e funciona nas dependências da
bela e histórica Igreja Congregacional Campograndense. Neste lugar obtive uma
verdadeira “experiência com Deus”, não de uma forma meramente mística como
alguns alegam ser esse momento, mas o que chamo de experiência aqui se trata do resultado de uma profunda busca e intimidade com a Sua
Palavra. Nos primeiros anos me senti impactado pela novidade do conhecimento.
Entretanto, o que mais me marcou foi o confronto (com o meu modo de vida) dos
últimos anos.
Para
os que afirmam que estudar teologia em um seminário teológico é semelhante ao
que fazemos na escola aos domingos – apenas com um tratamento mais intensivo – digo que sua visão está equivocada. Não questiono a seriedade das igrejas no tratamento
de suas EBDs, enfatizo apenas que a programação de uma escola teológica propõe
uma capacitação avançada do obreiro, o que engloba conhecimento pelo menos instrumental
das línguas originais para o auxílio na correta interpretação do texto sagrado,
bem como conhecimento e manuseio de ferramentas para produção de pesquisas
diversas nas áreas relacionadas ao saber teológico. Poucas igrejas providenciam
meios de aferir o conhecimento adquirido nas escolas aos domingos, algo que na
escola teológica (pelo menos na que estudei) é pensado, discutido e conduzido à
prática.
Em
um curso teológico somos expostos a uma variedade de disciplinas que talvez
possam ser agrupadas em áreas do conhecimento: Linguísticas (Grego, Hebraico,
Português, Teologia Bíblica, Panorama Bíblico...), Humanas (Sociologia,
Filosofia, Didática, Educação Religiosa, História da Igreja...) e Práticas
(Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea...). É comum que alguém se
identifique mais com uma determinada área, isso aconteceu comigo. Minha propensão ao aproveitamento maior nas disciplinas que lidam com os aspectos
linguísticos e se voltam mais para o manuseio da Bíblia, me levaram a encontrar meu “prazer
teológico” em uma das disciplinas voltadas à interpretação das Escrituras, a
Teologia Bíblica.
Nesta disciplina
aprendi a olhar a Bíblia como um único livro e entender que existe um propósito
fundamental diante de tudo o que foi escrito. Aprendi a olhar a Bíblia como Revelação
de Deus, dada de maneira histórica, progressiva, orgânica e adaptável - como ensina Geerhardus Vos (2010). Isso
significou para minha forma de interpretar o texto sagrado que não posso
desconsiderar o todo da Revelação para compreensão de um texto bíblico sequer.
Costumo dizer para os
meus alunos que nunca mais poderão ler a Bíblia da mesma forma após a conclusão de
seu curso teológico. Especialmente, porque a visão do estudante de teologia é ampliada e sua percepção esclarecida sobre
algo que considero basilar para nossa compreensão da natureza deste livro: Ele
não foi elaborado por homens para atender suas expectativas, ao contrário, a
Bíblia é um livro extraordinário de autoria divino-humana que, ao mesmo tempo, revela
Deus aos homens e Sua vontade à humanidade. Por meio do próprio livro
entendemos a necessidade desta revelação como elemento esclarecedor dos
propósitos divinos. A humanidade se tornou incapaz de compreender os planos de
Deus para ela por causa dos efeitos do pecado, mas o próprio Deus proveu meios
para que fosse compreendido, na continuidade do estabelecimento de Seus planos.
A observação de um
texto de maneira isolada pode levar um estudioso a várias direções. Por
exemplo, quem já não ouviu uma pregação sobre a “Importância de conhecermos a
Deus e prosseguirmos em conhecer a Ele”, baseado no livro do profeta Oséias
6:3. Dificilmente, alguém que não conheça de rudimentos necessários para a
interpretação perceberá que este trecho faz alusão a uma pretensa declaração
que o profeta menciona que será o clamor dos filhos de Israel quando enxergarem
a si mesmos aflitos. Por isso, o verso quatro continua o argumento do autor “estranhamente”
declarando: “Que te farei, ó Efraim? Que te
farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã, e como o orvalho
que cedo passa”. Desta forma, isso se trataria de uma busca superficial
apenas com o propósito de ter alívio de suas dores e não um comprometimento
real. Outros textos falam de nossa necessidade de buscar e conhecer o Senhor,
mas este texto destaca uma aplicação diferente.
Certamente, a
desatenção ao contexto pode produzir resultados catastróficos na consideração
da forma que isso se aplica aos leitores contemporâneos quando comparado com o
propósito autoral. O intérprete não possui liberdade para interpretar o texto
como bem lhe aprouver. A própria Escritura clama não ser de particular
interpretação (2 Pd 1:20). O intérprete deve se esforçar ao máximo para o entendimento de
questões que permitem aproximação do entendimento do texto: da circunstância
que levou ao texto; como os leitores foram acrescidos por esse ensino diante de
suas perspectivas teológicas; como este texto se enquadra na perspectiva
progressiva da revelação, ou seja, como nosso (me refiro aos leitores em geral)
conhecimento a respeito do todo da revelação de Deus é acrescida com as
informações registradas nesse trecho estudado.
São muitos os
benefícios de estudar teologia, porém para mim o maior deles foi sem dúvida a compreensão
que APENAS por meio deste livro tão especial podemos conhecer a Deus e sua
vontade. Muitos são conduzidos pela vontade dos líderes em suas denominações em questões duvidosas e que dificilmente encontram amparo bíblico,
outras vezes, guiados por dogmas ou doutrinas que se fundamentaram no
desenvolvimento de movimentos com raízes humanísticas, ou ainda, por
revelações extrabíblicas. O resultado disso os leva a criação de “teologias diversas”. Entretanto,
APENAS uma séria e intensa busca pela consubstanciação bíblica será, pela ação
do Espírito Santo, libertadora de corações sedentos da verdadeira Revelação de
Deus – para que uma vez que tenham conhecido possam enfim viver a Palavra de
Deus por meio de Cristo.
Para mim, estudar teologia foi algo libertador, pois fui confrontado pelo princípio da Reforma - Sola Scriptura (Escritura Somente) e com isso tenho aprendido também com meus alunos que o resultado prático dessa dádiva é um profundo amor pela Escritura Sagrada - que nos leva a nunca nos sentirmos satisfeitos com o que sabemos sobre Ela e desejarmos conhecer mais e mais sendo ainda mais transformados por Ela. Contudo, percebo também o crescimento de uma insatisfação com tudo aquilo o que não diz respeito à Verdade de Deus. Noto que esses "sintomas" também estão presentes em meus queridos alunos.
A Palavra transformadora de Deus, cuja mensagem é Cristo, evidencia a todos aqueles que a estudam que suas vidas dependem do Senhor para compreensão até mesmo dos temas mais básicos da vida. Com ela entendemos como as coisas foram criadas e para quê foram criadas, e assim nossas mentes vislumbram que Aquele que criou e sustenta todas as coisas, o faz por e para Sua glória.
Talvez isso seja suficiente para responder a pergunta inicial do texto e fazê-lo prosseguir... que o Senhor te ajude nesta ótima decisão!
Para mim, estudar teologia foi algo libertador, pois fui confrontado pelo princípio da Reforma - Sola Scriptura (Escritura Somente) e com isso tenho aprendido também com meus alunos que o resultado prático dessa dádiva é um profundo amor pela Escritura Sagrada - que nos leva a nunca nos sentirmos satisfeitos com o que sabemos sobre Ela e desejarmos conhecer mais e mais sendo ainda mais transformados por Ela. Contudo, percebo também o crescimento de uma insatisfação com tudo aquilo o que não diz respeito à Verdade de Deus. Noto que esses "sintomas" também estão presentes em meus queridos alunos.
A Palavra transformadora de Deus, cuja mensagem é Cristo, evidencia a todos aqueles que a estudam que suas vidas dependem do Senhor para compreensão até mesmo dos temas mais básicos da vida. Com ela entendemos como as coisas foram criadas e para quê foram criadas, e assim nossas mentes vislumbram que Aquele que criou e sustenta todas as coisas, o faz por e para Sua glória.
Talvez isso seja suficiente para responder a pergunta inicial do texto e fazê-lo prosseguir... que o Senhor te ajude nesta ótima decisão!