terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Há esperança para os dias difíceis....

Jó 14 -  14. Morrendo o homem, acaso tornará a viver? Todos os dias da minha vida esperaria eu, até que viesse a minha mudança. 15. Chamar-me-ias, e eu te responderia; almejarias a obra de tuas mãos. 16. Então contarias os meus passos; não estarias a vigiar sobre o meu pecado; 17. a minha transgressão estaria selada num saco, e ocultarias a minha iniqüidade.

Esse é um dos momentos de maior crise na vida de Jó. Ele já havia enfrentado situações que o deixaram em estado calamitoso: morte de seus familiares, perda de seus bens, sua saúde havia sido afetada e de uma maneira inexplicável não conseguia sentir paz. Suas palavras são realmente desesperançosas. Logo no início do capítulo, elas mostram a exiguidade das coisas criadas e ainda atenua a diferença dos seres humanos para a natureza em si, enfatizando sua percepção de que ambos serão consumidos ao seu tempo, mas apontando seu desconhecimento sobre o futuro dos homens. Uma árvore, por exemplo, até depois de ser ferida poderia encontrar alento e renovo caso houver proximidade de águas,  "o homem, porém, morre e se desfaz; sim, rende o homem o espírito, e então onde está?" (Vs. 10).
Jó está em um dilema com o qual muitas vezes nos deparamos, a incerteza da vida. E embora esteja convicto da mão de Deus sobre toda criação, ainda não tem clarificado em sua mente, o porquê da existência dos homens. Ele ainda passaria por uma bateria de acusações de seus amigos até que Deus atentasse para responder-lhe sobre seus dilemas. 
Interessantemente, como resposta para todos os questionamentos de Jó, Deus se utiliza de perguntas que levam Jó ao entendimento de sua limitação para compreender coisas que para Deus poderiam ser classificadas como elementares. Quanto mais avança no processo de emissão de questionamentos mais intensa se torna a vergonha de Jó, que procura fazer intervenção enfocando sua miséria (40:3-5). O Senhor, contudo, mais uma vez lhe concede uma série de indagações finais e lhe mostra que, em nada, tem obrigação de esclarecer suas vontades e desígnios a sua criação, pois pertence a Ele.
É no mínimo intrigante perceber que a resposta de Deus não atenta para o principal questionamento de Jó: "Por que estou padecendo isso?". Mesmo assim, Jó começa a entender que Deus não está inerte a nada que ocorre em sua criação, tudo faz parte de Seu plano e está dentro de Seu controle Soberano. 
Ao observarmos o trecho selecionado, percebemos certa ironia da parte de Jó em dizer, que se houvesse alguma esperança para o homem ela estaria apenas em que ele "nascesse denovo". O questionamento sobre um novo nascimento, inevitavelmente, nos conduz ao diálogo entre Cristo e Nicodemus e assim, talvez não seria um equívoco perceber que a frase "morrendo o homem, tornaria a viver?" (vs14) é muito semelhante ao questionamento de Nicodemus "Como pode um homem nascer denovo sendo velho, porventura pode tornar a entrar na madre de sua mãe?" (Jo 3:4) Nosso conhecimento do desfecho do diálogo entre Jesus e Nicodemus nos mostra a conexão não apenas com o dilema de Nicodemus ou do próprio Jó, mas com o de toda humanidade caída, que em decorrência do pecado está sentenciada ao esquecimento.
De certa forma, não poderemos compreender o ensino do livro de Jó apenas com seu conteúdo literário, mas como a maioria dos estudiosos conservadores tem declarado, precisamos da Bíblia para compreendê-la melhor. E se estamos certos em enxergar ligação entre esses textos, vemos que apenas Deus possui a resposta que precisamos – ainda que não consigamos entendê-la. Todavia, misericordioso que é, nos fez conhecer que na pessoa de Cristo é possível se refugiar dos dilemas que nos assolam; que apenas em Cristo há solução para o terrível esquecimento provocado pela morte; apenas por Cristo é possível sermos resgatados de uma vida que aponta para a falência para uma nova vida em Deus. Nossos pecados nos distanciam de Deus e a única possibilidade de que isso não nos traga a justa punição chama-se graça de Cristo Jesus.
Jó vislumbrou em seus dias que Deus está no controle do que lhe era impossível controlar. Jesus Cristo tornou claro aos homens que esse controle perpassa o ordinário e adentra o extraordinário, um novo nascimento, uma vida após a morte, quando tudo parecia estar perdido... 

Que Deus é este?! Que Cristo é esse?! O mesmo ontem, hoje e eternamente. Amém!

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