Estou tão distante que já
não sei o caminho para voltar. Também sou bastante orgulhoso a ponto de tentar
andar ainda algumas milhas, em busca de algum lugar que possa servir como
refúgio. Mas, quanto mais me distancio mais percebo a solidão de minhas
escolhas, mais percebo a podridão de meus pensamentos.
Os momentos pareciam ser
satisfatórios, mas aqueles que me cercavam não desejavam me ter por perto, mas
aquilo o que poderiam retirar de mim. Não tenho amigos verdadeiros, e percebo
que o único que realmente se importava comigo foi quem eu rejeitei. Ah! O que
eu fiz? Ahh! Aonde estou? Quero voltar, mas não vejo como, não sei o que falar.
Não sei o que fazer, nem como me libertar.
Querido pai, és tão bom que ofertas até mesmo aos que não merecem maior dádiva que se poderia estimar. Seria o teu coração ainda misericordioso para com aquele que se fez odioso aos teus olhos? Poderias aceitar alguém que te envergonhou publicamente e ainda distante continua a ser motivo de tua vergonha? Poderias perdoar alguém que continuamente te ofende e ainda ruiu boa parte daquilo o que empregaste teus esforços para conquistar? Oh meu pai... Nem digno de ser chamado de teu filho sou e penso que jamais serei. É assim que me verei para sempre. Tu és bom, mas existiria alguém tão bom que pudesse retribuir a ofensa com dádiva? Existiria alguém que pudesse fazer do amor objeto de superação para toda dor? Por acaso alguém amaria um desequilibrado, um egoísta, um miserável assim?
Sim pai, sim papai. Tu me amaste
assim! Alguma coisa me fez voltar e ainda ensaiava a lhe falar quando pude
contemplar de longe um movimento em minha direção. Não consegui identificar,
porque minha visão estava turva, mas percebo que fui alvo de sua constante
expectativa. Tu estavas lá, a me esperar. Correste, e quando eu deveria ser
vilipendiado, tu me ofertaste o que eu jamais poderia imaginar, aquilo o que eu achava que havia perdido para sempre. Teu abraço
apertado, teu beijo caloroso, teu coração pulsante... Desajeitado, comecei a
falar, mas só pude dizer o que realmente estava em meu coração: Pai, pequei
contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho! Mas, o que dizer desse teu amor. Me
recolheste, me purificaste, trocaste minhas vestes, me deste de volta a razão
de viver. E me ensinaste que minha verdadeira razão está em ser como tu és;
está em aprender contigo o que é a vida; está em perceber que teu amor não há de
se comparar a nada que habita em mim. Mas, que o teu amor seja também o meu
amor, que o teu cuidado seja também o meu cuidado, que a tua vida seja sempre a minha
vida.
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