quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O quanto ganharíamos com a consciência da Soberania de Deus?

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Rm 11:33

Após uma perfeita descrição da teodiceia[1] aos romanos, o apóstolo Paulo exalta ao nome do Senhor, através das palavras que se iniciam neste versículo. Entendendo como é confortante saber que pecadores imerecedores da graça de Deus foram alcançados por Sua misericórdia. Esta dádiva promove grande alegria nos corações dos que foram tocados pelo Espírito. Somente eles conseguem identificar o quão carentes dessa glória estavam, pois conhecem claramente o quão pecadores são. 

Mas, até que fossem alcançados pelo Espírito, isso não lhes estava tão claro. Alguns se enveredavam por caminhos onde a depravação era o seu norte. Não tendo limite para seu único progresso particular, a excelência em pecar. Até que ao caírem as escamas de seus olhos, percebem a tristeza de sua companhia malévola, tão insistente em nutrir a inimizade contra Deus. E ao mesmo tempo, percebem a pureza do sangue de Jesus vertido por aqueles que ainda estavam sobre a mesma condição (Rm 5:8).

Quão insondáveis são os seus juízos! Eterna dívida de gratidão têm os que foram alcançados por essa graça. Por isso, a única medida racional é apresentar a “totalidade daquilo o que são” (no grego - ta sōmata humōn) como “sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus” (Rm 12:1). E em sua nova atitude ainda são estabelecidos sobre a esperança de experimentar (do grego dokimazein – provar) a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (verso 2). Isso significaria nada mais nada menos que ter a consciência da suficiência de Deus para controlar tudo.

Contudo, quais seriam os benefícios de ter a consciência da Soberania de Deus? Tentarei enumerá-los aqui, mas não sei se constituem ordem lógica. Principalmente, porque esse tema é, de forma geral, ao entendimento meramente humano, ilógico. Todavia, o cristianismo é extremamente lógico até aonde a Soberania de Deus permite-nos avançar. E é exatamente isso que nos possibilita o desfrute da dádiva imerecida. Assim segue-se que:

A consciência da Soberania de Deus beneficia o homem nos seguintes aspectos:

1. Identificação de que foi atraído por Ele, pela Sua própria justiça (Rm 5:1).
2. Identificação da Libertação da escravidão do pecado (Rm 6:17-22).
3. Identificação de sua dependência Dele para segurança, pela sua natureza pecaminosa (Rm 7-8)
4. Identificação da certeza de que Ele não erra, nem recebe conselho em Suas escolhas (Rm 9)

Estes pontos seriam por demais suficientes para uma vida de total devoção ao Senhor. No entanto, parece-me que os cristãos contemporâneos ainda precisam entender que o maior benefício da consciência da Soberania de Deus repousa em um aspecto que muitos tentam negligenciar. Aquele que apresenta que Deus tem o devido poder para conduzir suas vidas segundo Lhe aprouver. A paz mental pela qual muitos lutam apresenta alto teor de solubilidade, porque, de todos os bens que a consciência da Soberania de Deus nos traz, este é o único que, a alguns, se constitui em um problema. Afirmamos que ele tem o controle de nossas vidas, mas sempre estamos procurando um jeitinho de nos apropriarmos de nossas decisões precipitadas.


É fato que somos extremamente responsáveis por nossas ações e as Sagradas Escrituras não deixam de enfatizar a responsabilidade humana. No entanto, saber que Ele é o que opera tanto o querer quanto o efetuar, segundo a Sua boa vontade, é compreender o segredo do crescimento cristão. Ser movido pela renúncia de nossa vontade em relação à vontade de Deus e a de nossos irmãos, é evidenciar a presença do amor cristão em nossas vidas.

Por isso, o quanto ganharíamos com a consciência da Soberania de Deus, neste aspecto?
Nunca poderemos colher os plenos benefícios dessa consciência se não tornarmos prático a nós mesmos que Ele tem o controle de tudo. Nas palavras do Mestre encontramos clarificação da consciência da Soberania de Deus nas instruções: "Não estejais ansiosos quanto à vossa vida..." Da mesma forma, o apóstolo Pedro ensina qual é a atitude daquele que se beneficia neste conhecimento: "Lançando sobre ele toda vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (IPd 5:7).

Somente dizer isso a ele não seria nada mais do que Lhe dizer o óbvio. Todavia, no desempenho dessas ações estaríamos entregando-nos por completo. Isso seria renunciar nossa vontade para fazer a Dele. Seria encontrar a paz e o sentido de nossas vidas. Seria estar satisfeito em toda e qualquer situação e poder dizer como o apóstolo Paulo: POSSO TODAS AS COISAS NAQUELE QUE ME FORTALECE! (Fp 4:13)


[1] Termo grego que se refere a Justiça de Deus

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